Moça Com Brinco De Pérola - (Girl With A Pearl Earring) USA 2003
No século XVII, Griet, uma jovem camponesa, é obrigada a trabalhar na casa de um respeitado pintor de sua época (Johannes Vermeer). Ela acaba virando musa do pintor e inspirando um de seus mais famosos trabalhos.
O mais interessante é que essa estória não é real, trata-se de um romance escrito por Tracy Chevalier. Ela escreveu o romance “Moça com Brinco de Pérola” (Bertrand Brasil, 2002), que é uma fantasia sobre o que levou Vermeer a realizar sua obra-prima, que se estima ter sido criada por volta de 1665.
Belo filme, bela interpretação da bela atriz Scarlet Johanson.
Assisti ao filme e também gostei da abordagem, sobretudo porque o mote central é a sensibilidade estética e não um caso furtivo como ocorreu em “Minha amada imortal”.
A cena em que ela titubeia em limpar as janelas porque isso poderia alterar a luz é de uma sensibilidade ímpar e é por isso que quando a esposa pergunta por que não pintá-la ao invés da empregada, ele responde algo como: “Porque você não compreende”.
Estou lendo um livrinho que, num determinado momento, fala do pouco interesse de nossa época por Guido Reni, embora noutro contexto já tivera grande notoriedade. Ele é citado como exemplo para mostrar que a validade de certas obras e artistas está intrinsecamente associada ao contexto histórico. O que vale pra nós hoje pode não ter tido reconhecimento no passado nem tampouco é garantia de que terá representatividade no futuro.
Pois bem, questionou Jorge Coli: “quantos somos capazes de lembrar sequer um dos seus quadros?”
Eu não lembrava, nem sequer tinha ouvido falar, então fui consultar o maior sábio de todos os tempos: o google.
A associação foi imediata, embora seja perceptível que Vermeer carregava mais nas tintas.
Então, recorri de novo ao grande sábio, digitando “guido reni” “johannes vermeer” e, numa das páginas, havia a informação de que o retrato de Guido inspirou inúmeros artistas, que fizeram uso dos mais diversificados materiais.
Sobre o retrato de Guido alguns historiadores da arte atribuem a autoria da pintura à assistente Elisabetta Sirani. Se ele fosse reconhecido hoje como já foi no passado, alguém ia ter a idéia de fazer um filme na linha do Camille Claudel ou, então, uma biografia como a de Dora Maar. Outra especulação é que a pintura pode ter mesmo influenciado Vermeer no retrato “Moça com brinco de pérola”, ainda que eles tenham nascido e vivido em tempos e países diferentes.
Fonte: http://www.blastmilk.com/decollete/a-decapitation-miscellany/beatrice-cenci-guido-reni.php
Uma ex-namorada pesquisa a relação entre pintura e literatura, fez um trabalho muito interessante usando como referrências os livros Informe Sobre Ciegos (conto de Ernésto Sábato) e Ensaio sobre a Cegueira (do José Saramago).
Ela fez umas relações entre luz e forma no texto e nas telas que usou que eu achei fantásticas, principalmente em cima do Sábato que tb é pintor.
Tentarei pedir pra ela deixar eu colocar um trecho do trabalho aqui no fórum.
Se fossem iguais, ambas não seriam referências, não é mesmo?
A idéia não é desmerecer um ou outro pintor, mas evidenciar que a produção artística está vinculada às obras precedentes, ninguém produz nada a partir da inspiração somente, ou melhor, a “inspiração” está atrelada ao universo (imagético, cultural, social, histórico, etc.) do artista.