The Washington Ballet - fotografias de Cade Martin

Eu divido a mesma opinião do Ivan (obviamente, não tão fundamentada quanto a dele). Acho que existe um limite pra fotografia. Claro, com a fotografia digital esse limite aumentou, mas tem coisas que não podemos chamar de foto. Por exemplo, ouço o termo “foto publicitária” com cuidado. Será mesmo uma foto? Não seria apenas uma imagem a partir de um foto?

No caso do The Washington Ballet, até onde entendi, são fotos. Pra mim, de gosto duvidoso, mas são fotos.

Veja bem, Rafael, eu não estou discuntindo se é arte ou não, mas sim se é fotografia em seu aspecto maior, ou somente ilustração feita com fotografia.

Sim, nem eu estou dizendo que você discutiu que é arte. Só comentei sobre arte para que o assunto não cambasse pra esse lado seja com quem fosse. E entendi o fato da fotografia em seu aspecto maior, obvio que não concordo em absoluto, mas como eu disse, a beleza da arte está nisso mesmo :ok:

Por exemplo, você pode pegar uma tela e fazer sobre ela uma colagem. Não será pintura, será colagem. Pode ser até mais artística que uma pintura, mas não será pintura.
Isso entra num aspecto muito perigoso,pelo menos a meu ver, pois certas nomenclaturas são complicadas de definir. Existe muito problema em classificar uma aquarela ou uma aguada de nanquim como pintura ou desenho, uma monotipia como pintura, gravura ou desenho, se a pintura da capela sistina é uma pintura ou uma ilustração, e por aí vai. Quanto ao fato de uma colagem sobre tela, é fácil pensar que é colagem, pois só estamos usando uma superfície não convencional. O problema é quando as linguagens se misturam a certo ponto que fica impossível tomar partido de um lado só. Como já tinha até comentado em algum post, as fotografias da epoca do pictorialismo conceitualmente não tinham nada de diferentes das photoshopadas de hoje, mas ainda assim são respeitadas como fotografia.

Não são poucos os fotógrafos que consideram o pictorialismo um ramo degenerado da fotografia.

Acho que não é exatamente assim. Observe o trecho:

[b]mas também nos dão algumas imagens encenadas[/b] e muito humorísticas

Sim, Ivan, eu li este trecho. Eles encenam suas apresentações, assim como encenam no palco. Se há ou não um trabalho maior de cenografia e produção para as fotografias não vem ao caso, é a estética da companhia de qualquer jeito. Brega e cafona. Eu não gostei das fotos e provavelmente não gostaria dos espetáculos, por serem bregas e cafonas. Nesse caso o clima de fantasia é emprestado à fotografia.

E considero que todas as fotografias são encenadas.

Abraço.

Não são poucos os fotógrafos que consideram o pictorialismo um ramo degenerado da fotografia.

Sim, e também não são poucos que acham o expressionismo um ramo degenerado da pintura.

Como gosto pessoal, eu particularmente não gostei. Mas nem por isso, não posso dizer que não sejam fotografias, estas no sentido mais puro ao qual o Ivan defende, pois aquelas fotos representam um trabalho, uma arte e portanto, registram cenas desse mundo (não somente o da dança), ainda que poucos vão assistir a espetáculos de dança (pelo menos no Brasil);

Vejo com certo medo esta moda de rotular trabalhos aliados ao gosto pessoal, é o que fazem os críticos de artes, não gostam, muitas vezes do artista e descem a lenha no trabalho dele.

Também não me sinto confortável em dizer que não é fotografia pura, ou seja, elas fogem da intenção primária de sua invenção, se asseim pensamos, deveríamos estar fotografando ainda com daguerreótipos e não com cameras de filme ou digitais.

Neste diapasão ouso discordar do Ivan, ainda que entendo sua postura.

O que eu vejo nisso tudo é o peso que se dá a uma forma particular de produzir.
Cada um tem o seu ponto de vista e é ele que delimita o que vai ou não ser aceito. Se é a pureza da técnica ou importância da mensagem. Sou daqueles que acredita que desde que vc deixe claro o que fez vale qualquer ferramenta, até por não enxergar limites racionais que delimitem com clareza uma forma de expressão artística e principalmente por acreditar que esses limites são menores. É claro que é preciso ter conhecimento das ferramentas que se utiliza, mas prefiro não me prender aos limites que se criaram nelas.

Bem, eu não conheço pessoalmente quem fez as fotos, Ricardo, então não há nenhuma motivação pessoal exceto a cafonica.

Apresentei razões que formam uma visão sobre fotografia. Podem ser aceitas ou não, mas hora ou outra cada fotógrafo precisa deixar a coisa vaga de "tudo é fotografia " e, tendo meditado sobre a prática, ter dela uma visão. Não necessariamente a minha. A minha foi exposta e é sempre essa, tenho insistido nessa visão mesmo por vezes encontrando resistência. Por outro lado, encontro em escritos de pessoas com importância na fotografia visão semelhante, o que se não garante que eu estou certo pelo menos me diz estar em boa companhia -risos.

Desculpem-me não ter mais escrito aqui, não postei mais porque não tenho muito a dizer sobre as questões, mas a discussão está bem interessante mesmo com a pulverização das idéias.


A concepção de fotografia do Ivan, já tenho acompanhado há algum tempo através de textos e imagens. A dos demais é nova pra mim, talvez por isso tenha me perdido no desenvolvimento do tópico.


Rafael, não entendi bem, eu já falei que você é esquisito? Se falei, perdoe-me a falta de noção. kkkk

Rafael, não entendi bem, eu já falei que você é esquisito? Se falei, perdoe-me a falta de noção. kkkk

Hahahahahahahhahaha claro que não, Kika. É que me lembrou do tópico da Francesca Woodman. Eu achei até MUITO legal…hahahahahahahhaa :hysterical: :hysterical: :hysterical:

Nossa! Não imaginava que esse tópico seria tão movimentado. Tinha até esquecido desse post.

Estas não são minhas favoritas, mas gosto de fotos que usam esse tipo de linguagem, fotos montadas ou posadas, com cenários ou mesmo buscando o fantasioso. Tanto que sou fão da Francesca Woodman, que o Rafael lembrou, acho que fui eu que abri o tópico sobre ela, mas não tenho certeza.

Gosto muito dessa linguagem que passa, ou quase ultrapassa, a fotografia em si. Como as fotos do Li Wei, o estilo LAPP de fotografar grafites de light paint, Troy Paiva com suas luzes montadas em cenários ou paisagens já existentes, Gaëna Des Bois que lembra Francesca, etc.

Acho que isso tem mais haver com gosto pessoal do que qualquer outra coisa, mas a discussão em si é ótima.

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